No Brasil, uma campanha pela liberação do canabidiol para tratamento veterinário vem ganhando força. A ativista Simone Gatto, tutora de seis gatos paraplégicos, é uma das principais defensoras da causa.
Gatto conta que uma de suas gatinhas, a Denisa, melhorou significativamente após receber tratamento com canabidiol. A felina, que tem tetraplegia, sofria com fortes dores e convulsões.
“A Denisa tinha muitas dores, resultado de suas lesões na coluna, além de um forte quadro de epilepsia, também decorrentes das lesões”, disse a médica-veterinária Maira Formenton, da Universidade de São Paulo (USP). “O canabidiol foi indicado para o tratamento das dores e da epilepsia e ela realmente apresentou resultados muito bons.”
A pesquisa com a Denisa foi realizada na USP, que tem a maior produção científica mundial sobre canabidiol. O estudo foi suspenso pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), mas deve ser retomado em breve.
Até o momento, os estudos sobre o uso de cannabis em pets ainda são limitados. No entanto, os resultados preliminares são promissores. Além de paralisia e convulsões, a cannabis também pode ser eficaz no tratamento de outras condições, como artrite, artrose e ansiedade.
“A administração é feita com o óleo, ou em cápsulas que tem boa absorção e boa biodisponibilidade, e nós já conhecemos a farmacodinâmica e farmacocinética”, explicou Formenton.
Para a profissional, é importante diferenciar o canabidiol do tetrahidrocanabinol (THC). Apesar de ambas serem utilizadas de forma medicinal, somente o THC é responsável pelos efeitos psicoativos característicos da maconha.
“Isso gera muito preconceito, pois as pessoas confundem muito, mesmo em relação ao uso recreacional”, comentou. “Este, de forma abusiva, gera problemas como dependência e aumento no índice de câncer da boca, da garganta e vários outros efeitos colaterais.”
A liberação do canabidiol para tratamento veterinário ainda é um desafio no Brasil. No entanto, a campanha liderada por Simone Gatto vem ganhando força e pode contribuir para a mudança dessa realidade.
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